20/03/2021

Report Generation

Hoje venho aqui defender os millennials, porque não gosto de generalizações, as generalizações são sempre injustas. Tal como quando surge um exemplo da Cancel Culture” vêm os propagandistas de direita acusar uma genérica e diabólica “Esquerda”. Ora eu, sendo da esquerda, fico irritado com essas generalizações.

Para expor a minha teoria, vou tomar como exemplo o filme “Slumdog Millionaire”, memórias do passado dão respostas a problemas no presentes. [Posso apropriar-me deste exemplo? O protagonista do filme é indiano e eu não, mas o filme foi escrito e realizado por gajos do Reino Unido! Por isso?...]

Nos anos 90, usar calçado novo era algo que se fazia com a maior discrição. Na escola recordo-me de perguntarem se eu estava a usar ténis novos e, imediatamente, eu responder que não! Era sabido que sapatos novos tinha que ser estreados. Este ritual consistia em, nossos colegas e amigos, darem pontapés nas nossas solas e, por vezes, umas pisadelas na parte de cima, só para tirar aquele brilho de sapato novo! Depois disto “bóra” todos jogar à bola ou algo assim. Acabavam-se logo ali com todas as caganças!

Com a invenção das redes sociais o contraste é gritante!

Qualquer jovem que compre um par sapatos tira logo uma foto para um facebook ou um instagram e, em vez de biqueiros nas solas, recebe dezenas ou centenas de likes. Esse sentimento de ser especial, mesmo que subconsciente, é reforçado quando surge o botão de report. Com este botãozito pode fazes queixinhas sempre que alguma publicação te faz dói-dói, e és re-recompensado vendo essa publicação ser retirada e por vezes vendo o seu autor ser banido da rede social. És recompensado por seres um chibo! Esse sentimento de superioridade moral é re-re-recompensado quando pessoas são despedidas, filmes e séries canceladas, livros proibidos, tudo o que se espera duma ditadura cheia de bufos.

A utilidade que pudesse haver na existência desse botão foi há muito deturpada. Seria útil para impedir a disseminação de mensagens de violência ou ódio, em vez disso serve para apagar qualquer coisinha que me incomoda ou que a nossa ignorância não deixa compreender.

Apesar dos egos aumentados que possam surgir nas redes sociais, a “Cancel Culture” existe devido ao medo que as grandes empresas e as multi-nacionais têm da publicidade negativa. Bem, tenho novidades para vós mega-corporações e multi-nacionais! A vossa própria natureza, que despreza o factor humano em prol do lucro, já vos dá toda a publicidade negativa necessária, as redes sociais não podem fazer muito pior. Não levem as redes sociais demasiado a sério!

Por cada justiceiro do click existem milhares utilizadores que percebem a maluquice da grande maioria dos acontecimentos trazidos pela “cancel culture”. Deixem de usar as redes sociais como substitutos para os velhinhos “Market Reaserch Focus Groups” e tudo ficará melhor. É que nas redes sociais há uma minoria muito barulhenta que sobressai, chama a atenção e alterna a verdadeira percepção da intenção do consumidor.

Vamos com calma!