04/10/2021

Que futuro queremos para os nossos filhos?

 

Uma mistura enorme de dois ingredientes – falta de tempo e preguiça – é a razão pela qual tenha deixado de dar o meu contributo neste blog... quando tenho tempo, falta-me a vontade; quando tenho vontade, falta-me o tempo...

Acontece que na semana passada, enquanto lia um jornal online, deparei-me com uma notícia que me revoltou as entranhas e pressionou o gatilho que me faz estar aqui a desabafar.

A meu ver, a notícia é bastante elucidativa do quão egoísta e despojada de valores estão os jovens. Os jovens de hoje os quais serão os homens e mulheres de amanhã...

Título da notícia "Jovem de 16 anos mata mãe que lhe tirou o telemóvel com dois tiros na cabeça”. Em poucas palavras, este rapaz de 16 anos não aceitou o castigo da mãe, a qual resolveu retirar o seu telemóvel, e decidiu dar dois tiros na cabeça da mãe enquanto esta dormia.

Que sociedade estamos a construir?

Que valores estamos a transmitir a estes jovens?

Todos nós, sejamos pais ou não, somos responsáveis.

Todos nós, independentemente da nossa profissão, enquanto agentes indissociáveis da sociedade onde estamos inseridos, somos responsáveis.

A ética humanística emerge da inteligência coletiva, a qual define dos princípios de convivência social e permite uma vida organizada e melhor para todos.

Acontece que os princípios basilares que norteiam a conduta humana estão reféns da ditadura das minorias, e da hipocrisia do politicamente correto.

Acredito que cresci num mundo diferente daquele que hoje temos.

Eu aprendi a respeitar e admirar os mais velhos. Ensinaram-me a respeitar os professores. E, obviamente, a respeitar os meus pais.

Hoje, se um professor repreende um aluno, este chega a casa e faz queixas aos paizinhos, os quais vão à escola ameaçar ou até agredir os professores... Que exemplo e que valores estão esses pais a passar aos seus filhos e a todos os outros alunos?

Esta questão leva-me a colocar uma outra igualmente retórica: não estará na altura de deixarmos de parte a hipocrisia do politicamente correto e assumirmos aquilo que realmente pensamos? Não estará na altura de arrepiarmos caminho e pensar seriamente que valores éticos e que Homens queremos amanhã?

Infelizmente vejo a sociedade civil mais preocupada com questões periféricas, acessórias e muitas vezes ridículas, como por exemplo, a criação de novos géneros morfológicos, do que a transmissão de regras, princípios e valores.

 

O que é que cada um de nós pode e está disposto a fazer?

08/09/2021

(re)Negacionista

Certo dia, Einstein acordou e pensou “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana mas sobre o universo, ainda não tenho certeza”.

Verdade seja dita: para quem deixou de usar meias porque os buracos que se criavam o irritavam, usava só fatos cinzentos e o mesmo blusão de pele castanho da Levi's (comprado pela marca em 2016 num leilão por 125.000€), tinha tempo para pensar nestas coisas.

Aparte do corta-unhas que a sua prima/esposa lhe poderia ter comprado no seu aniversário e de estar provado que a eficiência do raciocínio está, além de outros factores, directamente relacionada com o descartar de tarefas mundanas como saber o que vestir no dia a seguir, Einstein poderia perfeitamente ser vidente.

Vamos avançar de 1936 até 2020. Uma pandemia varre o planeta (para efeitos de inclusão e para não ferir susceptibilidades e evitar que algum pessoal espume da boca vamos chamar de "vírus que não se pode dizer o nome"). Há pessoal que crê que o "vírus que não se pode dizer o nome" é uma farsa, uma invenção, desde os factos, aos números casos, os sintomas. A existir o "vírus que não se pode dizer o nome", os seus criadores querem controlar o mundo. Como? Através de várias acções: desde chips nas máscaras, chips e imans nas vacinas e nanorobots que nos controlam a mente.

Este pessoal são os "negacionistas". Como sou um leigo no termo, fui pesquisar sobre o que trata o negacionismo e diz o seguinte:

[...]Negacionismo (do francês négationnisme) é a escolha de negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável.[...] Na ciência, o negacionismo é definido como a rejeição de conceitos básicos, incontestáveis e apoiados por consenso científico em favor de ideias tanto radicais quanto controversas.[...]

Ou seja, um negacionista, apesar de ter as provas científicas com testes realizados por peritos que estudaram toda a vida para tal, vai ao Facebook e ao YouTube, vê dois ou três videos de idiotas e não questiona sequer a fonte desses mesmos vídeos, contrariando aquilo que é evidente.

Eu estou vacinado com as duas doses (duas até ver) e confesso que foi com muita desilusão que reparei que o lote com que me vacinaram não era um dos que nos permite colar imans no braço. Tinha altos planos para um iman que um amigo meu trouxe de Punta Cana.

Se bem que, isto do negacionismo pode ser porreiro... Vamos supor que me nego a acreditar que a minha vizinha da frente precisa  de estar vestida para estender a roupa. Sempre posso criar um grupo no Facebook "Roupa é Sobrevalorizada - Libertem os Marmelos!", posso ir ao Petição Pública e criar uma petição, posso fazer uma manifestação em pleno Rossio.... O céu é o limite!

O verdadeiro facto é que estes atrasados mentais que se acham iluminados e se defendem com a constituição de que os seus direitos estão a ser violados se esquecem que, também na constituição, está escrito o seguinte:


Código Penal

Decreto-Lei n.º 48/95

Diário da República n.º 63/1995, Série I-A de 1995-03-15

Propagação de doença, alteração de análise ou de receituário

Porém, no meio de tudo isto confesso que a história do forrobodó do morcego que comeu o pangolim ou o contrário, nunca me convenceu. Apesar dos registos com 30 anos de variantes de patentes do "vírus que não se pode dizer o nome" serem de estirpes completamente distintas, acho demasiado conveniente e propício uma pandemia se alastrar desta forma, sem controle. Não é de espantar que, como numa guerra por exemplo, muitos enriqueceram. Acho desumano a forma como uma farmácia em Lisboa cobrava 5€ por uma máscara descartável (cujo uso recomendado é de 4 horas). Ou seja, uma caixa de 10 máscaras custava 50€!

Não deixa de ser curioso o facto de a única economia que cresceu neste ano e meio em todo o mundo foi a da China em 18.3% (!), o maior crescimento desde que a China começou a registar estes dados em 1992.

O pressuposto de conjunto de regras de modo a vivermos em sociedade (vulgo "leis") serve para não existir diferenciação entre a população, de modo a habitarmos harmoniosamente no mesmo espaço... excepto quando um grupo de desequilibrados que não devem ter atenção na sua vida mundana quer chamar o foco da atenção a si, quando o objectivo deveria ser de erradicar esta doença. Esta geração que gosta muito de se ocupar de causas maiores que si próprios, quando a sua principal preocupação deveria de tentar ser melhores pessoas. Querem mudar o mundo? Arrumem primeiro o vosso quarto!

20/03/2021

Report Generation

Hoje venho aqui defender os millennials, porque não gosto de generalizações, as generalizações são sempre injustas. Tal como quando surge um exemplo da Cancel Culture” vêm os propagandistas de direita acusar uma genérica e diabólica “Esquerda”. Ora eu, sendo da esquerda, fico irritado com essas generalizações.

Para expor a minha teoria, vou tomar como exemplo o filme “Slumdog Millionaire”, memórias do passado dão respostas a problemas no presentes. [Posso apropriar-me deste exemplo? O protagonista do filme é indiano e eu não, mas o filme foi escrito e realizado por gajos do Reino Unido! Por isso?...]

Nos anos 90, usar calçado novo era algo que se fazia com a maior discrição. Na escola recordo-me de perguntarem se eu estava a usar ténis novos e, imediatamente, eu responder que não! Era sabido que sapatos novos tinha que ser estreados. Este ritual consistia em, nossos colegas e amigos, darem pontapés nas nossas solas e, por vezes, umas pisadelas na parte de cima, só para tirar aquele brilho de sapato novo! Depois disto “bóra” todos jogar à bola ou algo assim. Acabavam-se logo ali com todas as caganças!

Com a invenção das redes sociais o contraste é gritante!

Qualquer jovem que compre um par sapatos tira logo uma foto para um facebook ou um instagram e, em vez de biqueiros nas solas, recebe dezenas ou centenas de likes. Esse sentimento de ser especial, mesmo que subconsciente, é reforçado quando surge o botão de report. Com este botãozito pode fazes queixinhas sempre que alguma publicação te faz dói-dói, e és re-recompensado vendo essa publicação ser retirada e por vezes vendo o seu autor ser banido da rede social. És recompensado por seres um chibo! Esse sentimento de superioridade moral é re-re-recompensado quando pessoas são despedidas, filmes e séries canceladas, livros proibidos, tudo o que se espera duma ditadura cheia de bufos.

A utilidade que pudesse haver na existência desse botão foi há muito deturpada. Seria útil para impedir a disseminação de mensagens de violência ou ódio, em vez disso serve para apagar qualquer coisinha que me incomoda ou que a nossa ignorância não deixa compreender.

Apesar dos egos aumentados que possam surgir nas redes sociais, a “Cancel Culture” existe devido ao medo que as grandes empresas e as multi-nacionais têm da publicidade negativa. Bem, tenho novidades para vós mega-corporações e multi-nacionais! A vossa própria natureza, que despreza o factor humano em prol do lucro, já vos dá toda a publicidade negativa necessária, as redes sociais não podem fazer muito pior. Não levem as redes sociais demasiado a sério!

Por cada justiceiro do click existem milhares utilizadores que percebem a maluquice da grande maioria dos acontecimentos trazidos pela “cancel culture”. Deixem de usar as redes sociais como substitutos para os velhinhos “Market Reaserch Focus Groups” e tudo ficará melhor. É que nas redes sociais há uma minoria muito barulhenta que sobressai, chama a atenção e alterna a verdadeira percepção da intenção do consumidor.

Vamos com calma!

24/01/2021

Ok Boomer!

A expressão “OK Boomer!” é uma expressão bastante estúpida, por duas razões:
  1. É utilizada quando o millennial está demasiado cansado para pensar e, quer terminar com a discussão do tema em analise;
  2. Usar esse termo para descrever pessoas conservadoras e/ou com ideias retrogradas, é bastante ofensivo os verdadeiros Baby Boomers.

Senão vejamos, designa-se como baby boomer um humano nascido entre 1946 e 1964 na América do Norte e Europa (nos países mais pobres ou em vias de desenvolvimento ninguém liga a estas definições, acho eu). Isto significa que, nos finais dos anos 60 e década de 70, estes são os adolescentes e jovens adultos da chamada contracultura.

São os jovens que, fartos duma guerra infindável no Vietname, fizeram grandes manifestações pelo fim da guerra, nas quais queimavam as cartas de alistamento obrigatório e que, muitas vezes, acabavam em confrontos com a policia.

Depois foram as lutas académicas que se espalharam por todo o mundo. Nem uma ditadura conservadora, católica e de pessoas de bem, impediram que os jovens portugueses se revoltassem contra uma sociedade conservadora e... entrassem em conflito com a polícia.

A primeira Pride Parade foi no ano 70, pelo primeiro aniversário da Rebelião de Stonewall quando, fartos das leis conservadoras e da perseguição policial, também os Boomer Gay tiveram que 
lutar pelo direito a viverem a sua vida em paz e a serem felizes sem terem que se esconder e... andaram à porrada com a policia.

Os Baby Boomer criaram os Hippies, os Punks, Woodstock. A massificação da pílula e do preservativo em conjunto com o amor livre, levou à emancipação sexual feminina e ajudou na emancipação da mulher. Queimaram-se sutiãs contra o patriarcado e a ideia que o corpo feminino serve para agradar ao homem. E, finalmente… Drogas Recreativas!! 


Comparado com isto, que fez a Geração X? A minha. Bem... passámos do Spectrum à PlayStation 2, do VHS ao DVD, do vinil ao CD. Comercialização dos Computadores Pessoais e dos primeiros telemóveis. 

Houve algum confronto com os conservadores que haviam sobrevivido à contracultura. Os Neo Boomers que queriam proibir vídeo jogos e filmes porque fazia mal à Juventude e iam destruir a sociedade (déjà vu millennials?).

E vós millennials? Nascerem rodeados de toda a tecnologia que nós aprendemos a gostar e, além de partilhar memes e tiktoks, fazem o quê? Lutem, sejam como os Boomers! 

Aproveitem agora que são jovens, pois irá acontecer o que aconteceu aos baby boomers e à generation X, arranjam família e dividas e, depois a revolução passa para último lugar.

E como a minha geração não fez nada, serão vós a levar com o pior das alterações climáticas e dos muitos problemas económicos e humanitários que se irão multiplicar exponencialmente.

                                                                               Boa Sorte!